quarta-feira, 27 de julho de 2016

Quando aquilo que fazemos passa a ser quem somos!


Já ouviram dizer que quando fazemos uma coisa que gostamos muito, isso passa a ser quem somos, ou passa a ser a nossa maior  representação, nossos gostos, nossa identidade. De certa forma torna-se quase mais representativa do que nós mesmos.
Quando o assunto é gastronomia a questão torna-se muito mais notória.
 Até que ponto (como chefe de um restaurante por exemplo) é possível treinar algum funcionário para que nos possa substituir em caso de emergência, ou outra situação, seja ela qual for: férias, saúde, viagem, formação, ou outra qualquer???

A conclusão é que é quase impossível.



Com os anos de experiência, percebi que ao longo do tempo os clientes habituam-se ao nosso estilo e a nossa subtil assinatura nos pratos.
 Cada cozinheiro é único, não importa se temos todos a mesma receita ou não, pois a energia é única. O amor e dedicação também, e é isto que move um restaurante.


 Com o Clube gastronómico, tenho percebido que as pessoas percebem melhor o meu trabalho, porque já ouviram falar ou porquê  foi indicado por quem o conhece. Isto abre imensas portas e fica muito mais fácil executar um projecto. É quando confiamos em outra pessoa para fazer o nosso trabalho, temos que ter a consciência de que não será igual, o que não significa que não estará a fazer o melhor que pode.
O nosso negócio tem que ter a nossa cara, o nosso jeito e quando confiamos em uma parceria, temos que escolher alguém que nos complete, não alguém que se pareça connosco.


Não podemos esquecer que quem vai até ao nosso restaurante, quer que estejamos por lá, confiam muito mais quando sabem que estamos à frente de tudo, e quase sempre tem razão! Somos a garantia do nosso negócio, e quando gostam de nós, querem também gostar daquilo que fazemos, ficando todos mais felizes quando isto acontece. O mais importante é estarmos bem e não esquecer  que quando fazemos o que gostamos, isto passa a ser quem somos. Namaste!






quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um Bolo "Pelado"

O Nude Cake

O nude cake nunca foi um bolo que eu tivesse muita motivação para o fazer, o que acontece é que ao longo da minha carreira, recebia cada vez mais pedidos deste bolo que nada mais é que um bolo sem cobertura, eu sempre dizia que era um bolo de "pasteleiro preguiçoso", o que não é nada verdade.

Até achava graça por fazer estes bolos para chás, cafés da tarde, encontros informais, enfim, nada de muito especial. A surpresa é que o Nude Cake saltou das Cozinhas para os salões principais e a adaptação foi, quase, que obrigatória.
O desperdício dos alimento sempre me causou um certo desconforto, por isso minha preocupação foi sempre na direcção de fazer um bolo em que se pudesse comer mesmo tudo, o que em geral não acontece, por exemplo, com os bolos cobertos com pasta de açúcar que a grande maioria das pessoas põe de parte e comem apenas o bolo e, parando para pensar, à partir deste ponto, comecei a ver o Nude Cake com outros olhos.

O desafio depois foi começar a desenvolver receitas que mantivessem o sabor, mas que fossem mais resistentes e mais húmidos, por não ter cobertura, é um bolo que resseca muito mais rápido.
Um bolo se for coberto, não precisa estar perfeito. No Nude  faz toda a diferença em a massa estar perfeita e uniforme. Outro ponto importante é que neste tipo de bolo, em quase todos os trabalhos, usamos frutas naturais, e é preciso um cuidado especial com suas combinações, seu acompanhamentos e sua conservação, e para isto temos que fazer um estudo profundo do sitio onde será a festa, tempo de transporte, onde acondicionar, e uma infinidade imensa de questões, que recomendo pensar  antes de optar por um Nude Cake.

 À quem não tenha este tipo de preocupação, e para estes os bolos prontos dos grandes supermercados é uma boa saída. Nada contra, cada um sabe de si. Tenho muito respeito por meus clientes e para eles  quero apenas o melhor. Namaste.